sábado, junho 24, 2006

Mariage




Sempre quis uma chaleira vermelha. Sempre
Mas só descobri este desejo quando a vi, em
destacada solitudine,
me esperando entre as outras milcoisas
da lojinha do mercado.
Peguei minha chaleira rouge com a fome indisfarçada
de um reencontro há muito esperado.
E a trouxe para perto da minha vida. Vida toda.
Nela vou produzir águas febris
e jorrar ternuras em chávenas fartas, boquiabertas.
Nela vou macerar coisas, escaldar curas nos vapores verdes.
Dela, sairão encontros e conversas de depois da meia noite, sairão confissões baforadas por sobre o calor
das beberagens macias e escuras que farei.
Minha chaleira vermelha vai esquecer de hoje
junto comigo. E para sempre, estaremos.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Cláudia,

continuo entrando aqui bem devargar e em silêncio, como se estivesse espiando sua casa sem querer ser notada ..rs.

Na verdade adoro essa sensação de "molecagem" que esse espaço me causa e eu nem sei porque.

Talvez seja um vasculhar de coisas-sentimentos-impressões tão íntimos, mas que o faço porque são, ao mesmo tempo, tão meus, tão de todas nós.

Oh, quanto é compreensível o carinho por objetos que nos suscitam sentimentos de partilhas e de tentativas de eternidades e que nos acompanham em nossos atos-desejos mais sinceros de generosidade.

Deixo um beijo para você e outro na soleira da porta da sua cozinha.

5:18 PM  
Blogger alice said...

é maravilhoso o que você consegue fazer com as palavras a partir de uma ideia tão docemente doméstica

estou encantada com este blog, por favor continue fazendo delícias para os seus leitores provarem

uma boa noite, amiga, e obrigada pelo seu mail que me encorajou!

beijos e beijos

alice

5:41 PM  

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